A comunidade do Estado Maior da Restinga já pode ter uma boa ideia do que a atual bicampeã de Porto Alegre vai apresentar na avenida. A escola divulgou a sinopse de seu enredo e o roteiro de seu desfile para 2013.
veja abaixo:
Carnaval 2013 – Enredo:
“A Restinga pede passagem e se mostra em superações. Tri
felizes iremos ficar
no Panteão dos campeões”.
Autores: Claudia Gonçalves e Paulo Jorge
Medeiros.
A vida se nos apresenta
diariamente por meio de empecilhos, obstáculos, barreiras e frustrações, mas a
força que brota no coração do homem o impele a seguir em frente transpondo as
adversidades, rumo ao êxito do grande espetáculo que é a vida. Assim, a S.R.B.
Estado Maior da Restinga se une àqueles que travam batalhas diárias e logram os
louros da superação.
Rememorando o passado
mitológico, deparamo-nos com a história de Hefesto que, por ter nascido manco e
com feia aparência física foi expulso do Olimpo por Hera, sua mãe, e lançado ao
mar.
Hefesto
teria sido salvo por nereidas que o abrigaram numa gruta vulcânica, onde ensinaram-no
os segredos da metalurgia, o domínio do fogo e a arte de trabalhos refinados em
metal, utilizando os vulcões como fornalhas para forjar o ferro e o aço.
Dono
de uma figura rude e de poucos amigos, Hefesto zelava por sua aparência e
procurava diminuir as dificuldades provocadas por sua deficiência de modo
sofisticado. Tendo construído para si um belo bastão que lhe servia de apoio,
dispunha também de um belo trono onde se colocava todas as vezes que era
visitado por importantes personalidades do Olimpo. Contava ainda o deus com
duas estátuas de ouro que construíra retratando duas lindas jovens, as quais
falavam e movimentavam-se o auxiliando em seus afazeres.
Sempre
muito hábil e com vontade de vencer seus limites, Hefesto construiu uma cadeira
de rodas anfíbia movimentada por dois cisnes brancos adquirindo, dessa forma,
muito mais mobilidade.
Longe
de ser um exemplo de beleza Hefesto recebeu em casamento Afrodite, a mais bela
das deusas, ao retornar ao Olimpo, em reparação aos anos vividos em exílio.
Superando
assim sua deficiência e toda sorte de escárnio a que fora submetido Hefesto, um
dos deuses do sofisticado panteão grego, tornou-se um exímio artesão do metal
com o qual confeccionou verdadeiras jóias e um “ás” na arte da ferraria, tendo
fabricado os raios de Zeus, o tridente de Poseidon, a couraça de Heracles, as
flechas de Apolo e as armas de Aquiles.
Por
aí passa a história da Humanidade. Pessoas são constantemente atingidas por
tragédias que modificam a trajetória natural de suas vidas, levando-as a traçar
novos caminhos por vias muitas vezes tortuosas. Daí surgem também
personalidades que impressionam por sua capacidade em superar e vencer.
Muitos
são os exemplos de pessoas que fizeram de suas tragédias pessoais um verdadeiro
trampolim para o sucesso.
Dentre
tantos exemplos, começamos por falar no maestro que teve o percurso de sua vida
profissional tantas vezes interrompido, seja por acidentes pessoais ou por
consequência da vida moderna, João Carlos Martins.
Dono
de um talento privilegiado o músico viu-se em alguns momentos privado de
executar os concertos que fizeram dele um dos mais requisitados pianistas. Mas
o maestro não se rendeu e, mostrando uma força interior inesgotável,
reconquistou os palcos tomando a batuta da sua vida nas mãos, regendo grandes
orquestras.
Assim
como o maestro, somos muitas vezes convidados a tomar a batuta nas mãos e direcionar
nossas vidas rumo a novas oportunidades que surgem e que poderão fazer com que
a vida nos sorria em novos horizontes.
Outro
importante nome no cenário artístico nacional que precisou superar seus
próprios limites foi Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Acometido por uma
enfermidade que acarretava terríveis deformidades em suas mãos e em seus pés,
Aleijadinho produziu algumas das mais brilhantes obras da arquitetura e da
escultura brasileiras, deixando um importante legado na arte sacra.
Dessa
forma Aleijadinho, o artista mulato, superou preconceitos, deformidades e
fortes dores físicas com generosa imaginação.
Muitos
artistas anônimos transitam pelas cidades expondo sua arte. Alguns deles,
também acometidos de deficiências, travam lutas ainda mais árduas para terem
seus talentos reconhecidos. São bailarinos cadeirantes, portadores de
paralisias que pintam com a boca e com os pés, deficientes visuais com
habilidades manuais bastantes aguçadas, dentre tantos outros.
Todos esses dons fazem com que tais pessoas já tão especiais
tenham oportunidade de mostrar para o mundo que são capazes de nos sensibilizar
através da beleza plástica, através de todo um trabalho realizado com muita
dedicação e com muito amor.
As pessoas portadoras de deficiências vêm se mostrando grandes
vencedoras e exemplos verdadeiros de perseverança.
Cada
vez mais incluídas no esporte de uma maneira geral, elas vêm recebendo o apoio
do governo e da sociedade como um todo. No Brasil o governo tem executado um
trabalho eficaz, possibilitando o pleno desenvolvimento de suas habilidades
patrocinando esportistas e também instituições que prestam serviços a essa
parcela da população.
As
instituições que atendem aos portadores de deficiência são de grande relevância
no atendimento especializado, viabilizando-lhes uma vida mais digna, com
acessibilidade. Lá eles têm atendimento médico, praticam várias modalidades
esportivas, variados ritmos dançantes, têm capacitação profissional, enfim, têm
direito a uma inserção social que os prepara enquanto cidadãos, transformando o
preconceito em respeito às diferenças.
A
eficiência do trabalho desenvolvido em tais entidades é tanta, que já temos uma
forte equipe de para-atletas preparada e muitas medalhas conquistadas.
Os
obstáculos que enfrentamos na vida são muitos e, não obstante, seguimos em
frente enfrentando-os com garra e desvelo. A própria história do Brasil nos
aponta ocasiões que caracterizam óbices transpostos e superados.
Com
o advento do descobrimento pelos portugueses, vários outros povos sentiram-se
atraídos pelas terras descobertas que despontavam como promessa de uma vida
melhor. Esperançosos de que novas e boas oportunidades surgissem, tiveram um
começo bastante conturbado e, muitas vezes, desanimador. Mas essa situação foi
enfrentada com muita determinação, resultando em êxito para todos os
empreendimentos que tanto contribuíram para o desenvolvimento do país.
O
Brasil, por sinal, tem atravessado situações que exigiram de todos os cidadãos,
perseverança e determinação.
Passamos
por momentos de instabilidade econômica, crise social e repressão política, mas
combatemos com dignidade e superamos com amadurecimento. E a força para superar
tais percalços tem surgido, sobretudo, de lideranças populares. Lideranças
essas que têm demonstrado com atos determinantes, o caminho para o pleno
desenvolvimento nacional.
Nesse
sentido mostra-se a intensidade da participação da mulher em diferentes esferas
da sociedade.
As
mulheres, exemplos singulares de superação, têm tido representatividade
marcante na vida social e política de nosso país. Mulheres que são mães,
esposas, profissionais que, com sua sutileza, contribuem para a construção de
um país melhor.
Temos
hoje como chefe supremo do país uma mulher de muita fibra, que teve sua
liberdade cerceada em dados momentos por lutar pela igualdade de direitos.
Mulher que vê superados os momentos difíceis e que fomenta uma nova história de
glórias para o Brasil.
Os
dissabores são muitos, mas as vitórias sobrepõem os desvios da vida. E, falando
em vitórias, falemos também em nossa própria história de superação.
A
comunidade da Restinga surgiu a partir do deslocamento de uma parcela da
população, já marginalizada pela sua condição social, para uma região distante
do centro urbano. Muitas foram as batalhas travadas. Nossos jovens, sem
oportunidades, renderam-se a tentações mundanas, a comunidade viu-se
negligenciada em seus direitos básicos. Até que o surdo tocou! A gente humilde
e guerreira da Restinga reagiu e, ao som dos tamborins, refez a sua história e
mostrou o seu valor.
Hoje,
cantamos com galhardia a nossa alegria. Somos parte de um Brasil que desponta
num mundo globalizado pintado com cores douradas.
Investimos
e persistimos numa sociedade onde todos tenham oportunidade. Onde as distâncias
sejam cada vez mais curtas. Onde nossas crianças vislumbrem um futuro de
grandes conquistas, assim como no projeto “Bailado do cisne”, desenvolvido no
cerne desta entidade.
Desejamos
um mundo em que as vitórias sobreponham às frustrações, logrando do pódio do
sucesso.
A
Estado Maior da Restinga celebra a vitória e desvela a vida, revelada em
superações.
Maio 2012.
Dados Bibliográficos.
BULFINCHI, Thomas. O livro de ouro da mitologia; histórias de
deuses e de heróis. Trad. David Jardim, Rio de Janeiro: Ediouro, 2006.
DILL, Luís. Ouvindo pedras. Diários descobertos – Aleijadinho. São Paulo:
Escala integrada, 2008.
LEOPOLDI, José Sávio. Escola de samba, ritual e sociedade. Rio
de Janeiro: editora UFRJ, 2010.
ROTEIRO
DE DESFILE
1º
Setor: “Oficina do senhor da metalurgia”.
Rejeitado por sua mãe,
Hefesto foi criado em uma gruta vulcânica que se tornaria sua oficina. Lá se
ouvia o barulho tremendo de suas forjas e de suas bigornas, antes que a mesma fosse transferida para o monte Etna e para o
Olimpo. Desde então tornou-se Hefesto, a representação da fúria dos vulcões.
Comissão de frente:
“Ferreiros dos deuses”.
Criaturas gigantescas, os ciclopes
tornaram-se obreiros de Hefesto. Considerados formidáveis personagens, os
ciclopes foram excelentes ferreiros que trabalhavam fabricando armas para os
deuses do Olimpo juntamente com Hefesto.
1ª Porta-estandarte: “Ninfa Marinha”.
Divindades femininas, belas, graciosas
e sempre jovens, as nereidas foram amadas por muitos deuses. Filha do deus
marinho Nereu, dentre elas destaca-se Tétis, a que salvou Hefesto quando este
foi lançado ao mar.
1ª Ala – Baianas: “Preciosas jóias”.
Conhecido também como “ourives
divino”, Hefesto fez dos metais
preciosos as mais belas joias confeccionando surpreendentes obras de arte,
trabalhados em ouro.
Guardiãs do 1º casal de mestre-sala
e porta-bandeira: “Lindas criaturas”.
Belas estátuas de ouro com movimentos
humanos que guardam, protegem e evoluem.
1º Casal de Mestre-Sala e
Porta-Bandeira: “Chamas do Olimpo”.
As chamas que ardem bailam no compasso
da vida transformando-se em joias.
1ª Alegoria: “Morada de Hefesto”.
A enorme gruta vulcânica que servira
de abrigo quando resgatado por nereidas serviu-lhe de aprendizado para que se
tornasse um dos maiores artesãos do ferro e do aço, pois Hefesto forjava ali
nos vulcões as armas e as joias que o tornaram conhecido pela sua sofisticação.
2ª Ala : “O fogo”.
Elemento presente na vida do homem
desde a Era Primitiva, o fogo aparece como aliado de Hefesto na superação de
seus limites quando esculpe, através dele, belas peças de ornamento e de
guerra.
3ª Ala: “O ferrro”.
O ferro, de emprego vasto, foi usado
por Hefesto na fabricação de utensílios que o ajudaram em sua mobilidade,
transpondo seus limites físicos.
2º
Setor: “Perseverança e esperança na
conquista do sucesso”.
Os limites fazem com que forças
perseverantes e esperançosas brotem nos corações daqueles que se veem
atingidos, impulsionando-os na busca por alternativas que possibilitem novas
conquistas.
4ª Ala: “A força da reconquista”.
De posse de uma energia inovadora,
pessoas recriam suas histórias na aliança pela vida.
1º Casal de Passistas: “Dançarinos especiais”.
A dança resgata a autoestima e estimula o
jogo pela vida. Através dela, o condicionamento físico e o elemento emocional
são recuperados dando um novo brilho ao espetáculo da vida.
Madrinha da Bateria: “Arte de viver”.
Viver é uma arte e, como tal, precisa
ser lapidada e cuidada por todos na busca pela felicidade.
Rainha da Bateria: “Beleza Plástica”.
A plasticidade da vida se mostra na
beleza da superação.
5ª Ala – Bateria: “Maestros de suas vidas”.
Tomando a batuta da vida nas mãos
seguimos rumo a conquistas que deem significado digno à nossa existência.
Musa da harmonia: “Bachianas”.
A inspiração humana supera seus
limites em composições que ultrapassam os limites das artes.
Harmonia: “Maestria”.
Como maestros orquestramos nossas
vidas, vislumbrando um futuro de
glórias.
6ª Ala - Mulatas: “Mensageiras da alegria”.
A alegria, parceira constante das conquistas,
rege o contentamento diante das superações.
7ª Ala: “Talento musical”
O talento é inerente a todos que o
traduzem em sucessos.
8ª Ala: “Tocando a vida”.
Seguimos a diante, direcionando o rumo
da vida na busca de novas possibilidades.
9ª Ala: “Traçando novos
caminhos”.
Novas alternativas surgem no caminho
daqueles que lutam com perseverança.
Destaque de chão: “Musicalidade”.
A harmonia das notas sugere a
docilidade da vida.
2ª Alegoria: “Palco da reconquista e do
sucesso”.
Importantes personalidades se destacam
no panorama nacional através de suas trajetórias marcadas pela superação.
Com o exemplo de suas vidas
um novo cenário de conquistas e sucessos se descortina no palco da vida.
3º
Setor: “Dedicação em busca do êxito”.
Para que novas possibilidades venham a
tornar-se realidade a dedicação se faz necessária, aliada a uma forte dose de
perseverança.
10ª Ala: “Jogos olímpicos”.
Desde que os gregos criaram os jogos,
o sentimento de competição impulsiona o homem a atingir os mais altos lugares
no pódio.
2ª Porta-Estandarte:
“A chama olímpica”.
Chama que aquece corações
esperançosos.
11ª Ala: “Atletas de ouro”.
Nossos atletas paraolímpicos ocupam o
mais alto lugar no pódio da vida.
12ª Ala: “Potencial transformador”.
A prática do esporte possibilita a
reação transformadora naqueles que experimentam a rusticidade da vida,
potencializando oportunidades inovadoras.
13ª Ala: “Pódio da superação”.
As lutas diárias nos reservam momentos
de glórias quando suplantamos os problemas e logramos o pódio.
2º Casal de Mestre-Sala e
Porta-Bandeira: “Vitórias e conquistas”.
As vitórias vão sendo conquistadas com
o labor da vida.
14ª Ala: “Campeões da vida”.
Os atletas paraolímpicos demonstram
sua eficiência com afinco e dedicação, superando seus limites.
Destaque de chão:
“Medalhas de ouro”.
As premiações são a consagração de
histórias de dedicação ao esporte.
3ª Alegoria: “Panteão dos campeões”.
Todos unidos por uma existência de
sucessivas conquistas, por uma busca incessante pela dignidade, pelo respeito.
E juntos festejamos a vitória como verdadeiros campeões, no panteão de emoções.
4º
Setor: “Superando a desigualdade
e costurando a liberdade”.
Todas as limitações impostas pelo
preconceito são abolidas e um novo tempo de liberdade é inaugurado.
15ª Ala: “Obstinados imigrantes”.
Bravos estrangeiros chegaram a terras
brasileiras e, com garra e determinação, superaram as dificuldades e promoveram
o progresso.
16ª Ala: “Caminhando e cantando”.
O povo brasileiro resistiu a uma fase
sombria da história, ultrapassando-a com criatividade e sabedoria.
17ª Ala: “Valor feminino”.
Mulher brasileira: profissional, dona
de casa, mãe, fonte inesgotável de adjetivos que partiu para a luta e reservou
lugar de destaque na evolução da nossa história.
18ª Ala: “Conduzindo uma nação”.
Fibra e objetividade marcam a
personalidade da chefe que conduz os destinos da nação.
19ª Ala: “Excluídos, não vencidos”.
O povo “restinguerreiro” dribla as
dificuldades e atinge a superação não se deixando vencer.
20ª Ala: “Mostrando seu valor”.
Múltiplos talentos surgem na
comunidade que ressurge das cinzas qual a fênix, ao som dos tamborins.
Grupos de casais de Mestre-sala e
Porta-bandeira mirins, e Porta-estandarte – Projeto Social “Bailado do Cisne” : “Jovens
glórias apontando um futuro de vitórias”.
O futuro nas mãos de crianças que
recebem por herança os frutos da cidadania.
Destaque de chão: “Turbilhão de cor”.
Na diversidade das cores, celebramos
com orgulho as nossas superações.
4ª Alegoria: “Aquarela brasileira”.
A diversidade de cores e ritmos faz do
Brasil um celeiro de talentos e de possibilidades que apontam para um futuro de
glórias, numa explosão de alegria.
21ª Ala – Velha Guarda: “Chão da Restinga”.
Fonte de inspiração, a nossa gente é a
base de sustentação de um passado, de um presente e de um futuro de conquistas.